Quatro alunos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) criaram um sistema de avaliação de professores pela internet. A inspiração para o projeto partiu da falta de informação na hora de escolher os docentes no início de cada semestre, quando o estudante tem de montar sua grade de disciplinas.
O site descolando.com.br é uma rede de relacionamento online cuja participação é permitida a universitários de todo o País e "proibida" para docentes. Isso porque a entrada no portal é controlada e feita a partir de convite. Os alunos cadastram e avaliam seus professores com base em oito critérios, que vão de "tem como colar?" até "explica bem?".
Há um mês no ar, o projeto tem 300 universitários cadastrados de 16 Estados e o perfil de 100 professores para consulta e avaliação. A maior parte dos usuários ainda é da própria PUC. "Começamos a divulgação com uma campanha na nossa universidade", explica um dos criadores, o aluno do terceiro ano de Informática Marcelo Quental, de 25 anos.
Eles distribuíram camisetas com o endereço do site para os ambulantes que trabalham vendendo alimentos nos portões da universidade. O próximo passo é o marketing pela internet para alcançar mais usuários. "Nosso objetivo é ser uma rede útil para os estudantes, com finalidade escolar mesmo", diz o também responsável pelo projeto e aluno de Informática Saulo Vallory, de 23 anos.
Quental e Vallory se conheceram na faculdade e são agora proprietários da empresa Neocconn, abrigada na incubadora tecnológica da PUC. O site é um produto da empresa em sociedade com os alunos de Administração Daniel de Araújo Pereira, de 26 anos, e de Engenharia de Produção Fábio Gonçalves Cardoso, de 25. "Muitas vezes o aluno quer saber coisas práticas sobre o docente, se ele aplica prova ou dá trabalho para avaliação, por exemplo."
A PUC, que tem um programa de avaliação de docentes na intranet - disponível para a consulta da comunidade acadêmica - , acha boa a iniciativa dos alunos. O coordenador de Planejamento e Avaliação da instituição, Luiz Silva Mello, diz que o site pode ser complementar à avaliação oficial.
FOFOCA Para a pesquisadora da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP) Sílvia Fichmann, os alunos precisam ter cuidado para não transformar o site em uma comunidade de fofoca. "O objetivo precisa estar bastante claro para os usuários, até para evitar problemas com comentários ofensivos contra os professores", diz. Ela acredita que, para a rede ajudar na formação dos alunos, é preciso avaliar o ganho dos universitários. "Do ponto de vista ético, o ideal seria que os professores tivessem retorno sobre os comentários."
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20070910/not_imp48922,0.php